terça-feira, 31 de julho de 2007

Espelho, espelho meu.


Um pouco distante de onde estava, uma mulher conseguiu avistar algo brilhoso numa sala semi-escura. Aproximou-se dali e viu um espelho, mas, por algum motivo, hesitou antes de chegar mais perto, talvez porque estivesse com medo da escuridão. Ascendeu uns restos de velas, que estavam ali, para tentar vê a imagem que se esboçava a sua frente.

Ela via, desfocadamente, uma linda mulher. Fixou seus olhos na imagem da boca, e foi capaz de perceber que os lábios não eram carnudos, mas, pareciam que foram perfeitamente desenhados. Ela, curiosamente, começou a se perguntar se esses lábios já haviam provado do sabor do amor. Imaginava que sim, pois como poderia uma boca tão bela não ter sentido o doce gosto do prazer? Seria desesperador!

Ela via, melhor, ora uma coisa, ora outra devido à luz do fogo da vela que se balançava. Foi quando observou olhos com um brilho intenso, viçosos, mas, que transmitiam, no fundo, algo amargo – um sofrimento.

A mulher, intrigada, começou a tentar compreender como alguém consegueria esconder coisas ruins por trás de disfarces tão fantásticos. Como algo tão belo poderia ser tão sofrido? Que antagonia, pensou ela.

Sentiu-se angustiada, queria compreender aquela mulher do espelho, mas, não entendia por que se sentia tão mal com aquela situação.

Ficou estática em direção ao espelho, quando percebera o óbvio − que o que estava refletido era a sua própria imagem. Uma lágrima caiu.

Aproximou-se, furiosamente, para mais perto do espelho e jogou sobre ele um castiçal que estava naquela sala. As lágrimas não paravam de cair, começou a gritar espelho, espelho meu! Não aceitava a intromissão do espelho em mostrar-lhe tudo aquilo que sabia, mas que escondia nas profundezas dos seus sentimentos.

Ela não queria mais saber, enxugou as lágrimas, arrumou o cabelo e saiu pela sala como se nada tivesse acontecido, mais uma vez.

[Amanda Borba]

quinta-feira, 26 de julho de 2007

Quanto custa o respeito?

O tamanho dessa tragédia é o tamanho da vergonha na cara que as autoridades deviam ter.
O Brasil se orgulhava de ser um dos países mais seguro no quesito transporte aéreo, - esse país já tem muita coisa pra se orgulhar... – pfffu... deixou de ter mais esse.
Como se já não bastasse o acidente da Gol, matando 154 pessoas, teve que esperar acontecer outro e matar mais gente ainda. Falando em gente... pessoa... ser humano...
Defina esses sinônimos aqui no Brasil.
Toda vez que vejo as imagens de gente deitada, dormindo no chão do aeroporto, (como se fossem os cachorros que encontro pelas calçadas dormindo no frio da madrugada nas ruas de Fortaleza), passando dias esperando a hora de voltar pra casa, sem tomar um banho... isso é gente? Já estamos vendo constantemente isso que estamos se acostumando e nem nos emocionamos mais, exceto eu (virou rotina). O povo buscando uma atitude do governo, uma ajuda, esperando amparo... e vem uma p... daquela e diz: relaxem e gozem. Vai te f.... (Já tinha escrito em um post antes; pra não esperar atitude do governo. Ta aí o que a gente recebe!).
Alguns dias depois do acidente o presidente da ANAC tava recebendo medalha de honra ao mérito, quando devia mesmo era pedir demissão e criar vergonha. Mas como eu já disse e venho sempre batendo na mesma tecla; se formos esperar por eles...
Sem comentar que um dia antes do acidente um avião tinha derrapado na mesma pista.
E um pouco antes um da BRA também tinha “passado do ponto”. Os pilotos reclamando da pista escorregadia... daí já deviam ter tomado alguma providência.
Vai ver essa nem será a última tragédia.
...Bandidos de terno, só visam lucro. Não têm o mínimo de respeito com as pessoas.
Morrem quase 200 pessoas (Mulher grávida, jovens de 24 a 28 anos, uma família inteira, teve uma que perdeu a mãe e as duas filhas, nossa... nam!!!) e no outro dia tão recebendo medalhinha no peito, dormindo no ar condicionado com seus pijama de seda, na colcha importada da Pérsia. Enquanto que tem gente dormindo no chão e tendo toda uma família perdida.
Bando de nojento!
Vou nem mais escrever nada se não eu fico doido aqui mais do que já to.
Tudo que esse país precisa; Seriedade e Respeito.
O povo brasileiro não merece isso, ninguém merece.

sábado, 21 de julho de 2007

Nem dúvidas.


O mar invadiu minha mente e disse que para entrar na sua imensidão azul eu precisaria tirar a areia dos meus pés...
-Se tu não gostasse de areia -eu pensei- não beijaria o litoral... Mas o que eu disse foi: -Crueldade! Não percebe que não posso tirar os sedimentos que restaram porque a praia inteira ainda me serve de descanço?! Daí continuei pensando... -Na praia deixei as marcas dos meus passos e a moldura da minha alma, eu desenhei em seus grãos toda minha liberdade, tracei caminhos que me descobriam, e só a praia conseguiu cortejar com paciência seus próprios desejos... E por aí fui indo... me perdendo em pensamentos não percebendo as ondas me levarem... Já estou longe agora... e só a praia vai saber tudo aquilo que não foi dito, mas intensamente sentido.
(Thainara Prazeres).